terça-feira, 29 de setembro de 2020

Vivendo em Vista da Eternidade

Quando Daniel foi trazido a Belsazar, foi-lhe oferecido o cargo de terceiro governante no reino: “Se puderes ler esta escritura, e fazer-me saber a sua interpretação, serás vestido de púrpura, e terás cadeia [corrente – JND] de ouro ao pescoço, e no reino serás o terceiro dominador (Dn 5:16). Certamente essa era uma grande honra, e ainda assim Daniel recusou! “Os teus dons fiquem contigo, e dá os teus presentes a outro” (Dn 5:17). Por que Daniel faria isso? Ele literalmente havia visto a inscrição na parede: “MENE, MENE, TEQUEL, UFARSIM” (Dn 5:25). O reino de Belsazar havia sido contado, pesado e entregue aos persas. Tudo estava terminado tanto para Belsazar quanto para o império babilônico; tudo estava prestes a ser conquistado pelos persas. Temos visto a inscrição na parede ou somos como Belsazar e seus sábios, sem entendimento da palavra profética de Deus?

Estamos nos agarrando às honras deste mundo ou buscando justiça em um mundo que não conhece justiça? Estamos vivendo com medo do homem, sem reconhecer que Deus, que Se lembra do pardal, tem Seu olhar sobre nós? Estamos ansiosos por comida e bebida quando temos um Pai que sabe que precisamos dessas coisas? Ou estamos depositando um tesouro no céu, onde ele não perecerá? “Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração” (Lc 12:34). O capítulo 12 de Lucas se dirige aos fiéis em Israel, em vista de um Messias crucificado e da temporária colocação de lado de um reino terrenal. O que os fiéis deveriam fazer? Eles deveriam esperar a volta do Senhor, mas até lá haveria provações e violência; mas o Pai viu tudo e sabia de tudo e cuidaria do Seu pequeno rebanho. Podemos resumir o capítulo com uma pergunta simples: Estamos vivendo em vista da eternidade ou do que é aqui e agora?

O Cristão deveria viver sua vida na expectativa diária da vinda de Cristo. Estamos aguardando o brado do Senhor quando Ele chamar Sua noiva, a Igreja: “Sobe aqui” (Ap 4:1). “Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, com voz de arcanjo e com trombeta de Deus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Então nós que estivermos vivos, e formos deixados, seremos arrebatados em nuvens juntamente com eles ao encontro do Senhor nos ares; e assim ficaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4:16-17 – TB). Esta é a nossa bem-aventurada esperança (Tt 2:13).

Nossa esperança, no entanto, não termina com isso. E nos gloriamos na esperança da glória de Deus(Rm 5:2). Antevemos um dia em que todos serão para a glória de Deus; uma cena que nada pode estragar. Se nosso pensamento termina com o Arrebatamento[1], então é provavelmente por razões erradas. Sim, queremos sair dessa cena, mas por quê? Apenas para escapar de nossas dificuldades?

O Senhor Jesus voltará à Terra em uma manifestação de glória para todos verem – esta é Sua Aparição. O Arrebatamento e a Aparição não devem ser confundidos; eles são dois eventos distintos e separados. No Arrebatamento, o Senhor não será visto por este mundo – somente por aqueles que forem arrebatados para encontrá-Lo nas nuvens. Porém, em Sua Aparição, todos os olhos O contemplarão (Ap 1:7). O que a Aparição de Cristo significa para nós? Estamos preocupados com a Sua glória?

Quando a Escritura conecta responsabilidade com a vinda do Senhor, sempre a conecta com Sua Aparição e não com o Arrebatamento. Talvez isso seja inesperado, mas deve ser assim. Na Sua Aparição a glória de Cristo será manifestada – uma glória a qual compartilharemos. Então não deveria ser nenhuma surpresa ler: Para confortar [confirmar – AIBB] os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus santos (1 Ts 3:13). Todos serão revistos e julgados antes desse tempo e as consequências de nossa responsabilidade estarão à vista. O apóstolo Paulo podia dizer dos crentes em Tessalônica: Porque, qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em Sua vinda? (1 Ts 2:19). Ao escrever a Timóteo, Paulo diz: Que guardes este mandamento sem mácula e repreensão, até à Aparição de nosso Senhor Jesus Cristo (1 Tm 6:14). Para os filipenses ele escreve: Retendo a palavra da vida, para que no dia de Cristo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão (Fp 2:16). Estes são apenas alguns dos versículos que conectam nossa conduta à Aparição de Cristo. Viver no bem dessa esperança nos transforma – é preciso! E qualquer que n’Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro (1 Jo 3:3).

Se estivermos vivendo em vista da eternidade, não apenas nosso caminhar Cristão assumirá certas características morais, mas também seremos poupados das ansiedades deste mundo. Quando Paulo escreveu sua primeira carta aos tessalonicenses, eles esperavam intensamente o Filho de Deus vindo do céu (1 Ts 1:10). A esperança deles estava viva e bem. No entanto, quando Paulo escreveu sua segunda carta, eles estavam com a mente abalada e perturbados. Eles haviam perdido a esperança. Nesse momento em particular, foi por causa de um ensino falso. Eles estavam sofrendo perseguição e haviam sido persuadidos, por uma carta forjada, de que o dia do Senhor (um dia de terrível juízo) já “era presente” (2 Ts 2:2-3 – JND). O apóstolo os lembra de que pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com Ele (2 Ts 2:1) eles não tinham motivos para ficar ansiosos. O dia do Senhor não chegará até que tenhamos sido tirados deste mundo no Arrebatamento: Também Eu te guardarei da hora da tentação [provação – JND] que há de vir sobre todo o mundo (Ap 3:10). Não é até o final do segundo capítulo que Paulo fala novamente da esperança e do conforto que vem com ela: E o próprio nosso Senhor Jesus Cristo e nosso Deus e Pai, que nos amou, e em graça nos deu uma eterna consolação e boa esperança, console os vossos corações, e vos confirme em toda a boa palavra e obra (2 Ts 2:16-17 – ARF).



[1] N. do A.: Do latim raptūra, arrebatar, levar – 1 Ts 4:17.

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