Quando Daniel foi
trazido a Belsazar, foi-lhe oferecido o cargo de terceiro governante no reino: “Se puderes ler esta escritura, e fazer-me
saber a sua interpretação, serás vestido de púrpura, e terás cadeia [corrente
– JND] de ouro ao pescoço, e no reino serás o terceiro dominador”
(Dn 5:16). Certamente essa era uma grande honra, e ainda assim Daniel recusou! “Os teus dons fiquem contigo, e dá os teus
presentes a outro” (Dn 5:17). Por que Daniel faria isso? Ele literalmente
havia visto a inscrição na parede: “MENE,
MENE, TEQUEL, UFARSIM” (Dn 5:25). O reino de Belsazar havia sido contado,
pesado e entregue aos persas. Tudo estava terminado tanto para Belsazar quanto
para o império babilônico; tudo estava prestes a ser conquistado pelos persas.
Temos visto a inscrição na parede ou somos como Belsazar e seus sábios, sem entendimento
da palavra profética de Deus?
Estamos nos agarrando
às honras deste mundo ou buscando justiça em um mundo que não conhece justiça?
Estamos vivendo com medo do homem, sem reconhecer que Deus, que Se lembra do
pardal, tem Seu olhar sobre nós? Estamos ansiosos por comida e bebida quando
temos um Pai que sabe que precisamos dessas coisas? Ou estamos depositando um
tesouro no céu, onde ele não perecerá? “Porque,
onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração” (Lc
12:34). O capítulo 12 de Lucas se dirige aos fiéis em Israel, em vista de um
Messias crucificado e da temporária colocação de lado de um reino terrenal. O
que os fiéis deveriam fazer? Eles deveriam esperar a volta do Senhor, mas até
lá haveria provações e violência; mas o Pai viu tudo e sabia de tudo e cuidaria
do Seu pequeno rebanho. Podemos resumir o capítulo com uma pergunta simples: Estamos vivendo em vista da eternidade ou do
que é aqui e agora?
O Cristão deveria
viver sua vida na expectativa diária da vinda de Cristo. Estamos aguardando o
brado do Senhor quando Ele chamar Sua noiva, a Igreja: “Sobe aqui” (Ap 4:1). “Porque
o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, com voz de arcanjo e com
trombeta de Deus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Então nós que
estivermos vivos, e formos deixados, seremos arrebatados em nuvens juntamente
com eles ao encontro do Senhor nos ares; e assim ficaremos sempre com o Senhor”
(1 Ts 4:16-17 – TB). Esta é a nossa bem-aventurada esperança (Tt 2:13).
Nossa esperança, no entanto, não termina com isso. “E
nos gloriamos na esperança da glória de Deus” (Rm 5:2). Antevemos um dia em que todos serão para a glória
de Deus; uma cena que nada pode estragar. Se nosso pensamento termina com o
Arrebatamento[1],
então é provavelmente por razões erradas. Sim, queremos sair dessa cena, mas
por quê? Apenas para escapar de nossas dificuldades?
O Senhor Jesus voltará à Terra em uma manifestação de glória
para todos verem – esta é Sua Aparição. O Arrebatamento e a Aparição não
devem ser confundidos; eles são dois eventos distintos e separados. No
Arrebatamento, o Senhor não será visto por este mundo – somente por aqueles que
forem arrebatados para encontrá-Lo nas nuvens. Porém, em Sua Aparição, todos os
olhos O contemplarão (Ap 1:7). O que a Aparição de Cristo significa para nós?
Estamos preocupados com a Sua glória?
Quando a Escritura conecta responsabilidade com a vinda do
Senhor, sempre a conecta com Sua Aparição e não com o Arrebatamento. Talvez
isso seja inesperado, mas deve ser assim. Na Sua Aparição a glória de Cristo
será manifestada – uma glória a qual compartilharemos. Então não deveria ser
nenhuma surpresa ler: “Para confortar [confirmar – AIBB] os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade
diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos
os seus santos” (1 Ts 3:13). Todos serão revistos e julgados antes desse
tempo e as consequências de nossa responsabilidade estarão à vista. O apóstolo
Paulo podia dizer dos crentes em Tessalônica: “Porque,
qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura não o sois
vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em Sua vinda?”
(1 Ts 2:19). Ao escrever a Timóteo,
Paulo diz: “Que guardes este mandamento sem
mácula e repreensão, até à Aparição de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tm 6:14). Para os filipenses ele
escreve: “Retendo a palavra da vida, para
que no dia de Cristo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em
vão”
(Fp 2:16). Estes são apenas alguns dos versículos que conectam nossa conduta à
Aparição de Cristo. Viver no bem dessa esperança nos transforma – é preciso! “E
qualquer que n’Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como
também Ele é puro” (1 Jo 3:3).
Se estivermos vivendo em vista da eternidade, não apenas
nosso caminhar Cristão assumirá certas características morais, mas também
seremos poupados das ansiedades deste mundo. Quando Paulo escreveu sua primeira
carta aos tessalonicenses, eles esperavam intensamente o Filho de Deus vindo do
céu (1 Ts 1:10). A esperança deles estava viva e bem. No entanto, quando Paulo
escreveu sua segunda carta, eles estavam com a mente abalada e perturbados.
Eles haviam perdido a esperança. Nesse momento em particular, foi por causa de
um ensino falso. Eles estavam sofrendo perseguição e haviam sido persuadidos,
por uma carta forjada, de que o dia do Senhor (um dia de terrível juízo) já “era presente” (2 Ts 2:2-3 – JND). O
apóstolo os lembra de que “pela vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo, e pela nossa reunião
com Ele” (2 Ts 2:1) eles não tinham motivos para ficar ansiosos. O
dia do Senhor não chegará até que
tenhamos sido tirados deste mundo no Arrebatamento: “Também
Eu te guardarei da hora da tentação [provação – JND] que há de
vir sobre todo o mundo” (Ap 3:10). Não é até o final do segundo capítulo que Paulo
fala novamente da esperança e do conforto que vem com ela: “E
o próprio nosso Senhor Jesus Cristo e nosso Deus e Pai, que nos amou, e em
graça nos deu uma eterna
consolação e boa esperança, console os vossos corações, e vos confirme em toda
a boa palavra e obra” (2 Ts 2:16-17 – ARF).
[1]
N. do A.: Do
latim raptūra, arrebatar, levar – 1
Ts 4:17.
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