terça-feira, 29 de setembro de 2020

Defendendo a Verdade

Maus ensinamentos entraram precocemente na Cristandade, e Paulo teve de instruir Timóteo a permanecer em Éfeso, “para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina, nem se deem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé” (1 Tm 1:3-4). A verdade é a nossa primeira linha de defesa. Se não temos certeza do que Deus disse, Satanás pode fingir nos dizer o que Ele disse – assim como fez com Eva. “É assim que Deus disse?” (Gn 3:1). O primeiro componente da armadura do Cristão é, portanto, o cinto da verdade. “Tendo cingidos os vossos lombos com a verdade” (Ef 6:14). Sem um cinto, nossas túnicas se agitam na brisa e nos deixamos envolver por toda nova (ou velha) ideia que se apresenta – e não há falta delas. Por fim – estaremos inadequados para a batalha.

A verdade é de tanta importância que Judas diz: exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos (Jd 3 – ARA). Nesse contexto, a fé se refere à verdade que encontramos em nossas Bíblias e na qual, confio, temos sido ensinados. Ponha a verdade de lado ou a dilua com a filosofia humana, e para que serve? Não vale nada; não pode salvar; não vai se manter. A palavra grega original “epagonizomai traduzida como batalhar contém a raiz da qual deriva o verbo agonizar. Na língua original, descreve uma peleja, como quando alguém está buscando um prêmio contra um adversário. Judas usa uma forma intensa do verbo. De forma alguma significa ser contencioso ou conflituoso. “E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; Instruindo com mansidão os que resistem” (2 Tm 2:24-25). Em outros lugares, lemos que devemos falar a verdade em amor (Ef 4:15). Tito foi instruído, por um lado, a encorajar com a sã doutrina e, por outro, a refutar aqueles que se opunham a ela (Tt 1:9).

A verdade será atacada, enfraquecida, redefinida e abandonada. É importante que nos posicionemos individualmente em nossa própria vida. Como diz o ditado, se não defendermos nada, cederemos a qualquer coisa. Martinho Lutero[1], em sua defesa perante a Dieta Alemã (parlamento), encerrou com estas famosas palavras: Estou sujeito às Escrituras que citei e minha consciência está cativa à Palavra de Deus. Não posso e não vou me retratar, pois não é seguro para um Cristão falar contra sua consciência. Aqui estou eu; não posso fazer outra coisa; que Deus me ajude. Amém". “Portanto tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e, havendo feito tudo, ficar firmes” (Ef 6:13).

É amplamente ensinado que Deus nos deu várias habilidades naturais que devemos usar para Ele, e, quando o Senhor voltar, aguardaremos ansiosos Ele dizer: “Bem está, servo bom e fiel” (Mt 25:21). Em primeiro lugar, não devemos confundir dom e habilidade. A habilidade natural não implica um dom dado por Deus, embora dom seja dado de acordo com habilidade (Mt 25:15). Em segundo lugar, dom é um meio e não um fim em si mesmo. Assim, quando o Senhor voltar, pelo que Ele nos elogiará? Será por ter feito muito do dom? Será por ter excedido nossa capacidade? Acho que não. Será por fazermos pleno uso do depósito que nos foi confiado. “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência [conhecimento – JND], a qual professando-a alguns, se desviaram da fé [não alcançaram a fé – JND]. A graça seja contigo” (1 Tm 6:20-21). Foi-nos confiada a verdade do Cristianismo; estamos promovendo ou enfraquecendo essa verdade.



[1] N. do A.: O reformador alemão (1483 – 1546).

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