Maus ensinamentos
entraram precocemente na Cristandade, e Paulo teve de instruir Timóteo a
permanecer em Éfeso, “para advertires a
alguns, que não ensinem outra doutrina, nem se deem a fábulas ou a
genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de
Deus, que consiste na fé” (1 Tm 1:3-4). A verdade é a nossa primeira linha
de defesa. Se não temos certeza do que Deus disse, Satanás pode fingir nos
dizer o que Ele disse – assim como fez com Eva. “É assim que Deus disse?” (Gn 3:1). O primeiro componente da
armadura do Cristão é, portanto, o cinto da verdade. “Tendo cingidos os vossos lombos com a verdade” (Ef 6:14). Sem um
cinto, nossas túnicas se agitam na brisa e nos deixamos envolver por toda nova
(ou velha) ideia que se apresenta – e não há falta delas. Por fim – estaremos
inadequados para a batalha.
A verdade é de tanta
importância que Judas diz: “exortando-vos a batalhardes, diligentemente,
pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3 – ARA).
Nesse contexto, a fé se refere à
verdade que encontramos em nossas Bíblias e na qual, confio, temos sido
ensinados. Ponha a verdade de lado ou a dilua com a filosofia humana, e para
que serve? Não vale nada; não pode salvar; não vai se manter. A palavra grega
original “epagonizomai”
traduzida como batalhar contém a raiz da qual deriva o verbo agonizar.
Na língua original, descreve uma peleja, como quando alguém está buscando um
prêmio contra um adversário. Judas usa uma forma intensa do verbo. De forma
alguma significa ser contencioso ou conflituoso. “E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser manso para com
todos, apto para ensinar, sofredor; Instruindo com mansidão os que resistem”
(2 Tm 2:24-25). Em outros lugares, lemos que devemos falar a verdade em amor
(Ef 4:15). Tito foi instruído, por um lado, a encorajar com a sã doutrina e,
por outro, a refutar aqueles que se opunham a ela (Tt 1:9).
A verdade será atacada,
enfraquecida, redefinida e abandonada. É importante que nos posicionemos
individualmente em nossa própria vida. Como diz o ditado, se não defendermos
nada, cederemos a qualquer coisa. Martinho Lutero[1],
em sua defesa perante a Dieta Alemã (parlamento), encerrou com estas famosas
palavras: “Estou sujeito às
Escrituras que citei e minha consciência está cativa à Palavra de Deus. Não
posso e não vou me retratar, pois não é seguro para um Cristão falar contra sua
consciência. Aqui estou eu; não posso fazer outra coisa; que Deus me ajude.
Amém". “Portanto tomai
toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e, havendo feito
tudo, ficar firmes” (Ef 6:13).
É amplamente ensinado
que Deus nos deu várias habilidades naturais que devemos usar para Ele, e,
quando o Senhor voltar, aguardaremos ansiosos Ele dizer: “Bem está, servo bom e
fiel” (Mt 25:21). Em primeiro lugar, não devemos confundir dom e
habilidade. A habilidade natural não implica um dom dado por Deus, embora dom
seja dado de acordo com habilidade (Mt 25:15). Em segundo lugar, dom é
um meio e não um fim em si mesmo. Assim, quando o Senhor voltar, pelo que Ele
nos elogiará? Será por ter feito muito do dom? Será por ter excedido
nossa capacidade? Acho que não. Será
por fazermos pleno uso do depósito que nos foi confiado. “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às
oposições da falsamente chamada ciência [conhecimento – JND], a qual
professando-a alguns, se desviaram da fé [não alcançaram a fé – JND].
A graça seja contigo” (1 Tm 6:20-21). Foi-nos confiada a verdade do
Cristianismo; estamos promovendo ou enfraquecendo essa verdade.
[1]
N. do A.: O
reformador alemão (1483 – 1546).
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