terça-feira, 29 de setembro de 2020

Doutrina Molda nosso Comportamento

Eu acho justo dizer que a doutrina é frequentemente vista como menos importante do que coisas que fazemos. A percepção é que, em última análise, a doutrina que seguimos será de pouca consequência. Certamente a Bíblia diz: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal (2 Co 5:10). Mas as coisas que fazemos são realmente independentes da doutrina que seguimos?

A doutrina molda nosso comportamento; em última análise, ela determina as coisas que fazemos. Eu creio que cada um de nós quer ser “completo, perfeitamente preparado para toda a boa obra (2 Tm 3:17 – JND). Mas, a menos que tenhamos sido apropriadamente instruídos, como podemos ser servos fiéis? Quem contrataria um negociante não instruído e não qualificado? Ninguém conscientemente o faria. Gostamos de mostrar nossas boas obras (Mt 5:16), mas a menos que tenhamos inteligência espiritual nas coisas que fazemos, nossas obras servirão apenas para trazer glória a nós mesmos e não a Deus.

Ao longo da história do Cristianismo, podemos encontrar muitos exemplos de indivíduos que, sinceramente, procuraram fazer a obra de Deus. Muitas vezes, no entanto, suas tentativas foram prejudicadas por causa de doutrina errônea. Ulrich Zwingli[1] pegou em armas para lutar contra seus adversários católicos por falhar em reconhecer a distinção entre Israel e a Igreja; as batalhas que travamos como Cristãos são espirituais e não terrenais (Ef 6:12; Jo 18:36). Em muitos aspectos, a reforma se tornou um movimento político; mais uma vez, houve um fracasso em reconhecer que a Cristandade não é uma associação terrenal. Um caso semelhante pode ser identificado contra o chamado evangelho da prosperidade. É verdade que Deus abençoou homens fiéis da antiguidade, como Jó, com bens terrenais. Como Cristãos, no entanto, esperamos uma herança celestial, não uma terrenal (1 Pe 1:4). Se a riqueza é a evidência da bênção de Deus, então claramente Pedro, Paulo e os outros apóstolos foram fracassos. Um evangelho social, por outro lado, abandona a verdade em favor de boas obras.

Com os Coríntios, vemos como a má doutrina levou a uma má moral ou, talvez, como eles criaram uma doutrina para adequar-se à sua moral. Independentemente disso, a moral e a doutrina andam de mãos dadas. A carta de Paulo aos Coríntios termina com a mais extraordinária defesa da ressurreição corporal do Senhor Jesus (1 Co 15). Isso deveria nos deixar completamente surpresos. Em 59 d.C., essa doutrina Cristã mais central já havia sido abandonada por alguns! E por quê? Se não houvesse ressurreição, então, comamos e bebamos, que amanhã morreremos (1 Co 15:32). Ou como o rico disse: come, bebe e folga (Lc 12:19). Aproveite, porque a vida é isso!

A doutrina que seguimos determinará nossa percepção do mundo; moldará a maneira como interagimos com este mundo e determinará nosso objetivo e propósito na vida.



[1] N. do A.: Um reformador suíço (nascido em 1484 – falecido em 1531).

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