Eu acho justo dizer que a doutrina é frequentemente vista como
menos importante do que coisas que fazemos. A percepção é que, em última
análise, a doutrina que seguimos será de pouca consequência. Certamente a
Bíblia diz: “Porque todos devemos comparecer
ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito
por meio do corpo, ou bem, ou mal” (2 Co
5:10). Mas as coisas que fazemos são realmente independentes da doutrina que
seguimos?
A doutrina molda nosso
comportamento; em última análise, ela
determina as coisas que fazemos. Eu creio que cada um de nós quer ser “completo, perfeitamente
preparado para toda a boa obra” (2 Tm
3:17 – JND). Mas, a menos que tenhamos sido apropriadamente instruídos, como
podemos ser servos fiéis? Quem contrataria um negociante não instruído e não
qualificado? Ninguém conscientemente o faria. Gostamos de mostrar nossas boas
obras (Mt 5:16), mas a menos que tenhamos inteligência espiritual nas coisas
que fazemos, nossas obras servirão apenas para trazer glória a nós mesmos e não
a Deus.
Ao longo da história do
Cristianismo, podemos encontrar muitos exemplos de indivíduos que,
sinceramente, procuraram fazer a obra de Deus. Muitas vezes, no entanto, suas
tentativas foram prejudicadas por causa de doutrina errônea. Ulrich Zwingli[1]
pegou em armas para lutar contra seus adversários católicos por falhar em
reconhecer a distinção entre Israel e a Igreja; as batalhas que travamos como
Cristãos são espirituais e não terrenais (Ef 6:12; Jo 18:36). Em muitos
aspectos, a reforma se tornou um movimento político; mais uma vez, houve um
fracasso em reconhecer que a Cristandade não é uma associação terrenal. Um caso
semelhante pode ser identificado contra o chamado evangelho da prosperidade. É
verdade que Deus abençoou homens fiéis da antiguidade, como Jó, com bens
terrenais. Como Cristãos, no entanto, esperamos uma herança celestial, não uma terrenal
(1 Pe 1:4). Se a riqueza é a evidência da bênção de Deus, então claramente
Pedro, Paulo e os outros apóstolos foram fracassos. Um evangelho social, por
outro lado, abandona a verdade em favor de boas obras.
Com os Coríntios, vemos como a má
doutrina levou a uma má moral ou, talvez, como eles criaram uma doutrina para
adequar-se à sua moral. Independentemente disso, a moral e a doutrina andam de
mãos dadas. A carta de Paulo aos Coríntios termina com a mais extraordinária
defesa da ressurreição corporal do Senhor Jesus (1 Co 15). Isso deveria nos
deixar completamente surpresos. Em 59 d.C., essa doutrina Cristã mais central
já havia sido abandonada por alguns! E por quê? Se não houvesse ressurreição,
então, “comamos
e bebamos, que amanhã morreremos” (1 Co
15:32). Ou como o rico disse: “come, bebe e folga” (Lc 12:19). Aproveite, porque a
vida é isso!
A doutrina que seguimos
determinará nossa percepção do mundo; moldará a maneira como interagimos com
este mundo e determinará nosso objetivo e propósito na vida.
[1]
N. do A.: Um reformador suíço (nascido em 1484 – falecido em 1531).
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