“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade;
porque o Pai procura a tais que assim O adorem. Deus é Espírito, e importa que
os que O adoram O adorem em espírito e em verdade” (Jo 4:23-24). Várias
características da adoração Cristã são apresentadas neste simples versículo,
mas antes de considerá-las, é útil nos familiarizarmos com a história por trás
do versículo.
Uma pobre e
desprezada mulher de Samaria encontrou Jesus em um dia quente e seco junto a um
poço. Ele fez a ela um simples pedido: “Dá-Me
de beber” (Jo 4:7). Para um judeu, pedir uma coisa dessas a um samaritano
era fora do costume, e a mulher ficou bastante surpresa. Os samaritanos não
faziam parte de Israel. Eles eram uma raça mista de pessoas enviadas para
colonizar Samaria (norte de Israel) depois que foi conquistada pelos assírios
em 721 a.C. Essa era uma prática comum naquela época. Grandes grupos de
refugiados, formados por povos diferentes, eram enviados pelo governante vitorioso
para estabelecer um país. Com seu contexto social destruído, esses colonos
estavam mais ocupados com a sobrevivência do que com a rebelião. Naturalmente,
eles trouxeram consigo suas religiões e falsos deuses, que depois misturaram
com crenças e costumes locais. À luz disso, faz todo o sentido quando lemos: “Assim
que ao Senhor temiam, e também a seus deuses serviam, segundo o costume das nações dentre as quais
tinham sido transportados” (2 Rs 17:33). Essa era a religião dos
samaritanos.
Pode-se entender por que havia tanta animosidade entre os
judeus e os samaritanos. O sistema de adoração samaritano era semelhante ao dos
judeus, mas, como Satanás frequentemente faz, era um sistema falso misturado o
suficiente com a verdade, para enganar aqueles que o praticavam. Os samaritanos
tinham sua própria cópia do Pentateuco (Gênesis a Deuteronômio) e tinham seu
próprio centro de adoração – não Jerusalém, mas no monte Gerizim. Não seria
surpresa descobrir que o Pentateuco samaritano continha esse falso ensino. Mais
uma vez, ao longo da história, vemos textos falsos sendo construídos a partir
de textos bíblicos para apoiar uma religião falsa.
Assim que a conversa do Senhor com a mulher samaritana se
aproximou um pouco do coração – porque descobrimos que seu estilo de vida era
tudo, menos moral – ela se tornou religiosa. Fale com alguém sobre Deus e
ouviremos rapidamente quantas Bíblias ela possui! Essa mulher não era
ignorante; ela parecia bem familiarizada com as diferenças entre as crenças dos
judeus e dos samaritanos. “Nossos pais adoraram neste monte,
e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar” (Jo 4:20). Não há nada como um
pouco de controvérsia para desviar-se das coisas que chegam muito perto da
verdade!
Sua evasiva, no entanto, era bastante transparente para o
Senhor. Porém, em vez de corrigi-la imediatamente, Jesus responde: “Mulher,
crê-Me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai”
(Jo 4:21). Que coisa notável de se
dizer. Quem poderia imaginar essa mulher adorando em qualquer lugar, ainda mais
na intimidade do conhecimento de Deus como Pai? É claro que uma grande mudança
teve de acontecer com ela para que isso se tornasse realidade. Mas o Senhor não
desprezou essa pobre e vazia mulher – uma lição prática e boa para nós. Por
outro lado, o Senhor também não ignorou o que a mulher samaritana disse.
Importava onde os judeus e os samaritanos adoravam? Certamente importava. Ele
fala claramente: “Vós adorais o que não sabeis” (Jo 4:22). O sistema religioso
deles era baseado em mentiras. Os judeus, por outro lado, tinham uma verdadeira
revelação de Deus. Tendo sido redimidos do Egito, foram levados a um
relacionamento com Deus como Jeová. A adoração deles estava de acordo com a
ordem estabelecida pelo Próprio Jeová. Estava muito adequada em relação ao
relacionamento para o qual tinham sido levados.
No entanto, o Senhor não apenas aponta as diferenças entre a
adoração dos samaritanos e dos judeus, mas também contrasta a última com aquilo
que a suplantaria – o Cristianismo. Pois estava chegando a hora em que os verdadeiros
adoradores não mais adorariam em Jerusalém de maneira cerimonial, mas sim: “Verdadeiros
adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais
que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que O adoram O adorem em
espírito e em verdade” (Jo 4:23-24).
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