Está tudo bem em
dizer-se que devemos amar, mas o que isso significa? Como isso deve ser
expresso? Para alguns, dar presentes, ser prestativo e assim por diante,
expressam amor – e de um modo geral, expressam. Mas fazer essas coisas e deixar
de lado as expressões mais fundamentais do amor é um erro. Na primeira carta de
Paulo aos Coríntios, ele escreve[1]: “O amor é sofredor, é benigno; o amor não
é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece (ARF), não se porta com indecência, não busca os
seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça,
mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”
(1 Co 13:4-7). Posso dizer que estou pronto para morrer pelos outros, mas se
não posso falar-lhes com civilidade, se estou constantemente provocando ou
tentando superá-los, se espalhar fofocas ou falar mal deles, se minha expressão
de amor é tudo sobre minha própria necessidade pessoal, então eu não entendo o
amor. Não podemos morder e devorar um ao outro e, ao mesmo tempo, alegar estar
demonstrando amor.
“O
amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor”
(Rm 13:10). O amor é sobre a outra pessoa. É fácil acusar alguém de orgulho
quando não aceitam nosso “amor”. No entanto, o problema provavelmente está
conosco. Todo Cristão verdadeiro tem um entendimento do amor; não é essa a
questão. Apenas achamos difícil expressar, pois significa abandonar o ego. É inacreditável
como podemos distorcer o significado da palavra para justificar nossa própria
interpretação dela. Quando aprendemos a mostrar amor em uma linguagem que a
outra pessoa entenda, isso não apenas trará gozo a ela, mas também a nós. O
amor não é sobre mim. Fazer como se fosse, é contrário à própria noção de amor ágape.
É comum observar que
aqueles que mais reclamam da falta de amor são invariavelmente os que têm maior
dificuldade em expressá-lo. Se sentirmos que ninguém nos ama, precisamos
examinar nossa própria conduta. Estamos praticando e manifestando amor como o
de Cristo? Se não o estamos sentindo, quase certamente não o estamos
demonstrando – não importa o que pensemos. Se nossa vida for como um tornado[2] –
reconhecível pelo caos que parece sempre acompanhá-lo – então encontraremos
nossos irmãos tão ocupados curando suas próprias feridas e machucados, que
terão pouca capacidade para expressar amor. Até que reconheçamos a mágoa que
causamos aos outros, não podemos começar a mostrar amor. Não podemos machucar
os que estão à nossa volta e alegar que os amamos. Somente Deus pode abrir nossos
olhos em tais circunstâncias.
Há, no entanto, outro
lado disso. Não importa onde estamos, encontraremos pessoas que são,
naturalmente falando, difíceis de amar. É muito fácil encontrar livros em
qualquer livraria Cristã que abordam exatamente esse problema nas congregações
em todos os lugares. Quando encontramos um indivíduo assim, eles não são
diferentes de um porco-espinho – com todas as farpas. Não gostamos de chegar
muito perto deles, pois frequentemente sentimos seus espinhos. Deus, no
entanto, não permite essas pessoas em nossa vida a troco de nada: por mais
difícil que seja, é uma oportunidade de exercitar nosso amor ágape. Deus
não permite desculpas quando se trata de amor. É bom lembrar que todas as
circunstâncias, que entram em nossa vida, são ordenadas por Deus.
Recentemente,
apreciei os seguintes pensamentos em uma conferência bíblica. Amar como Cristo
nos amou é possivelmente o mandamento mais difícil do Novo Testamento.
Francamente, se achamos que é fácil, estamos esquecendo alguma coisa! No
entanto, se formos obedientes aos mandamentos do Senhor, O conheceremos
melhor. Descobriremos algo da mente do Senhor Jesus – como Ele Se sentiu
quando expressou amor a Seus irmãos. É fácil remoer as dificuldades para
demonstrar amor, mas quando consideramos isso, podemos resistir? Não devemos
desejar conhecer melhor a Cristo?
[1]
N. do A.: Eu
substituí “amor” em lugar de “caridade”, a qual tem significado bem diferente
hoje em dia.
[2]
N. do T.: Um tornado é um fenômeno meteorológico que se manifesta como uma
coluna de ar que gira de forma violenta e potencialmente perigosa, sendo um dos
fenômenos atmosféricos mais intensos que se conhece, podendo, os mais extremos,
ter ventos com velocidades superiores a 480 km/h, medir até 1500 m de diâmetro
e permanecer no solo, percorrendo mais de 100 km de distância.
Nenhum comentário:
Postar um comentário