terça-feira, 29 de setembro de 2020

Como Demonstramos Amor?

Está tudo bem em dizer-se que devemos amar, mas o que isso significa? Como isso deve ser expresso? Para alguns, dar presentes, ser prestativo e assim por diante, expressam amor – e de um modo geral, expressam. Mas fazer essas coisas e deixar de lado as expressões mais fundamentais do amor é um erro. Na primeira carta de Paulo aos Coríntios, ele escreve[1]: “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece (ARF), não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Co 13:4-7). Posso dizer que estou pronto para morrer pelos outros, mas se não posso falar-lhes com civilidade, se estou constantemente provocando ou tentando superá-los, se espalhar fofocas ou falar mal deles, se minha expressão de amor é tudo sobre minha própria necessidade pessoal, então eu não entendo o amor. Não podemos morder e devorar um ao outro e, ao mesmo tempo, alegar estar demonstrando amor.

O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13:10). O amor é sobre a outra pessoa. É fácil acusar alguém de orgulho quando não aceitam nosso “amor”. No entanto, o problema provavelmente está conosco. Todo Cristão verdadeiro tem um entendimento do amor; não é essa a questão. Apenas achamos difícil expressar, pois significa abandonar o ego. É inacreditável como podemos distorcer o significado da palavra para justificar nossa própria interpretação dela. Quando aprendemos a mostrar amor em uma linguagem que a outra pessoa entenda, isso não apenas trará gozo a ela, mas também a nós. O amor não é sobre mim. Fazer como se fosse, é contrário à própria noção de amor ágape.

É comum observar que aqueles que mais reclamam da falta de amor são invariavelmente os que têm maior dificuldade em expressá-lo. Se sentirmos que ninguém nos ama, precisamos examinar nossa própria conduta. Estamos praticando e manifestando amor como o de Cristo? Se não o estamos sentindo, quase certamente não o estamos demonstrando – não importa o que pensemos. Se nossa vida for como um tornado[2] – reconhecível pelo caos que parece sempre acompanhá-lo – então encontraremos nossos irmãos tão ocupados curando suas próprias feridas e machucados, que terão pouca capacidade para expressar amor. Até que reconheçamos a mágoa que causamos aos outros, não podemos começar a mostrar amor. Não podemos machucar os que estão à nossa volta e alegar que os amamos. Somente Deus pode abrir nossos olhos em tais circunstâncias.

Há, no entanto, outro lado disso. Não importa onde estamos, encontraremos pessoas que são, naturalmente falando, difíceis de amar. É muito fácil encontrar livros em qualquer livraria Cristã que abordam exatamente esse problema nas congregações em todos os lugares. Quando encontramos um indivíduo assim, eles não são diferentes de um porco-espinho – com todas as farpas. Não gostamos de chegar muito perto deles, pois frequentemente sentimos seus espinhos. Deus, no entanto, não permite essas pessoas em nossa vida a troco de nada: por mais difícil que seja, é uma oportunidade de exercitar nosso amor ágape. Deus não permite desculpas quando se trata de amor. É bom lembrar que todas as circunstâncias, que entram em nossa vida, são ordenadas por Deus.

Recentemente, apreciei os seguintes pensamentos em uma conferência bíblica. Amar como Cristo nos amou é possivelmente o mandamento mais difícil do Novo Testamento. Francamente, se achamos que é fácil, estamos esquecendo alguma coisa! No entanto, se formos obedientes aos mandamentos do Senhor, O conheceremos melhor. Descobriremos algo da mente do Senhor Jesus – como Ele Se sentiu quando expressou amor a Seus irmãos. É fácil remoer as dificuldades para demonstrar amor, mas quando consideramos isso, podemos resistir? Não devemos desejar conhecer melhor a Cristo?



[1] N. do A.: Eu substituí “amor” em lugar de “caridade”, a qual tem significado bem diferente hoje em dia.

[2] N. do T.: Um tornado é um fenômeno meteorológico que se manifesta como uma coluna de ar que gira de forma violenta e potencialmente perigosa, sendo um dos fenômenos atmosféricos mais intensos que se conhece, podendo, os mais extremos, ter ventos com velocidades superiores a 480 km/h, medir até 1500 m de diâmetro e permanecer no solo, percorrendo mais de 100 km de distância.

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