Deus busca adoração mais que
ministério[1].
Isso não é algo novo para esta dispensação. O livro de Levítico, com sua
descrição detalhada da adoração sob a lei, vem antes do livro de Números, que aborda o assunto do serviço. Na
adoração, o homem fala a Deus, enquanto no ministério Deus usa Seu servo para
atender às necessidades do homem. Quando os discípulos repreenderam Maria por
desperdiçar o unguento em Jesus, um ato de adoração, a resposta do Senhor foi: “Deixai-a;
para o dia da Minha sepultura guardou isto; Porque os pobres sempre os tendes
convosco; mas a Mim nem sempre Me tendes” (Jo 12:7-8). O Senhor não Se
importava com os pobres? Certamente que sim. Não se pode ler os evangelhos e
chegar a qualquer outra conclusão. Paulo escreveu aos gálatas: “Recomendando-nos
somente que nos lembrássemos dos pobres: o que também procurei fazer com
diligência” (Gl
2:10). E ainda assim, a adoração deve ter precedência, mesmo sobre o nosso
serviço aos pobres. De fato, não podemos estar corretamente motivados para
servir os pobres, a menos que Cristo antes de tudo encha nosso coração. O
serviço não pode ser separado de Cristo sob pena de torná-lo um esforço
inteiramente humano.
Quando adoramos, devemos ter
cuidado para não nos ocuparmos conosco. Sob a lei, os sacrifícios trazidos ano
após ano eram lembranças constantes do pecado. “Nestes sacrifícios, porém, há recordação de pecados todos os anos”
(Hb 10:3 – TB). A adoração Cristã, por outro lado, repousa sobre o pleno
conhecimento dos pecados perdoados. Focar em nossa natureza caída e naquilo de
que fomos salvos, ou em nossas falhas atuais, ou, a propósito, em qualquer
coisa que traga nós ao cenário, degrada a adoração.
Às vezes, podemos
sentir que, se entendêssemos um pouco melhor nossa total devassidão, então
entenderíamos um pouco melhor a grandeza do amor de Deus. É importante ver que “na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7:18), caso contrário,
orgulho e carne se mostrarão na adoração. Mas também precisamos reconhecer que nunca
podemos entender o amor de Deus olhando para dentro de nós mesmos ou para este
mundo ao nosso redor. Devemos olhar para o Próprio Deus, “Porque Deus é amor” (1 Jo 4:8). E a maior expressão desse amor foi
quando Ele enviou Seu Filho para morrer: “Por
isto conhecemos o amor, porque Cristo deu a Sua vida por nós” (1 Jo 3:16 – TB).
Somente isso produzirá uma resposta em nosso coração: “Nós amamos porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo 4:19 – ARA).
Repetindo: a
autocontemplação não produzirá adoração; devemos estar ocupados com o Pai e o
Filho. Adoramos por causa de nossas bênçãos, não para celebrá-las. Nossa
adoração deve estar focada no Libertador e menos em nossa libertação. Lembre-se
de que a obra que o Senhor Jesus realizou em nosso lugar não se compara à Sua obra
de propiciação. Nesta última, Cristo justificou plenamente o caráter santo e
justo de Deus e trouxe glória incalculável ao Seu nome.
Quando um homem ama
uma jovem, ela preenche completamente seus pensamentos: trata-se menos do que
ela faz por ele (e certamente não do que ele faz por ela); ao contrário, tudo gira
em torno dela! Sua beleza, a entonação de sua voz, a expressão de seu rosto,
seus olhos! Reverentemente falando, já olhamos para Deus dessa maneira, ou Ele
é uma figura distante, sombria e severa? Se sim, então não conhecemos o amor de
Deus e não estamos em uma boa posição para adorar. A adoração eleva-se ao
Próprio Deus, e o coração se perde na contemplação de Suas excelências.
Se não passarmos
tempo na presença de Deus durante a semana, na quietude da meditação,
descansando na beleza de Seu amor, não teremos muito a oferecer em adoração no
dia do Senhor. Quando começamos a ver o verdadeiro caráter da adoração, isso
muda completamente a maneira como a vemos. Há uma reverência por Sua presença
santa e inspiradora.
[1]
N. do A.: A
palavra ministro do modo que é usada
nas Escrituras não significa nada além de servo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário