Nós não nos tornamos
Cristãos seguindo certos ensinamentos ou recitando uma fórmula. Esses são os
meios usuais pelos quais alguém se torna adepto de uma religião em particular.
Como o Senhor disse a Nicodemos, tivemos de nascer de novo. Assim como não demos
à luz a nós mesmos, também não produzimos um novo nascimento em nós mesmos. Isso foi a obra do Espírito de Deus
por meio da Palavra de Deus (Jo 1:13, 3:5; 1 Pe 1:23; Tg 1:18). O Espírito
Santo faz a Palavra de Deus boa para nós; Ele também nos leva ao fim de nós
mesmos e a um lugar de arrependimento. O resultado é: “arrependimento para com Deus e fé em nosso Senhor Jesus Cristo”
(At 20:21 – JND).
O Espírito de Deus,
no entanto, não é simplesmente o Agente do novo nascimento. Exclusivamente para
o Cristianismo, também nos foi prometida a habitação do Espírito Santo em nós
(Jo 14:16-17). Como Cristãos, precisamos reconhecer que o Espírito Santo de
Deus estabeleceu residência em nosso corpo. “Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós...?” (1 Co 6:19
– ARF) Isto não ocorre por meio da intervenção de outra pessoa, ou por meio de
qualquer outra tradição estabelecida pelo homem. Não, todo verdadeiro crente é
habitado pelo Espírito de Deus. De fato, se alguém não tem o Espírito, então
não pertence a Deus: “Se alguém não tem
o Espírito de Cristo, esse tal não é d’Ele” (Rm 8:9).
A Escritura também
diz que somos selados com o Espírito Santo (Ef 1:13). Pense num selo antigo
colado em um documento importante do governo. O selo é usado para estabelecer a
origem e autenticidade desses documentos. Da mesma forma, o Espírito Santo nos
faz conhecer que pertencemos a Cristo e que somos verdadeiramente salvos: “O próprio Espírito dá testemunho com o
nosso espírito, de que somos filhos de Deus” (Rm 8:16 – JND).
O Espírito é também “o penhor da nossa herança, para redenção
da possessão de Deus, para
louvor da Sua glória” (Ef 1:14). Assim como penhor em dinheiro é dado antes da compra de uma casa, Deus nos deu
o penhor de Seu Espírito. Este Espírito Santo nos dá a garantia de nossa
herança em Cristo – que Deus completará aquela grande transação que Ele
começou. Consequentemente, o Espírito Santo também nos lembra de que nossa
herança não é nem agora, nem está na Terra – está conectada a Cristo em glória.
O Espírito nos permite experimentar como será o céu antes de estarmos lá.
Muitos Cristãos
apenas associam o Espírito Santo com a demonstração exterior de dons de línguas,
cura e assim por diante. Esta é uma visão distorcida dos dons. O Espírito Santo
é o poder da nova vida no crente. A
assembleia em Corinto estava muito ocupada com os dons do Espírito e em
mostrá-los. Eles haviam esquecido a simples admoestação: “Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl
5:16); e que o fruto do Espírito é: “Caridade,
gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl
5:22-23). As coisas das quais estivemos falando não são reservadas para um
grupo espiritualmente superior de Cristãos, mas, ao contrário, se relacionam
diretamente com a caminhada Cristã normal. Muito simples, não podemos andar
como deveríamos a menos que o façamos no poder do Espírito de Deus.
A pessoa descrita no
sétimo capítulo de Romanos ainda não conhece o poder que o Espírito Santo traz
à sua vida. O capítulo certamente não descreve as lutas pessoais de Paulo, como
muitos sugeriram; e nem tampouco, traz a luta diária de um crente. O capítulo
descreve alguém que possui uma nova vida, mas que está tentando agradar a Deus
com sua própria força – ou como a Escritura diz, na carne. A lei, embora santa,
justa e boa (Rm 7:12), não pode nos controlar e, em desespero, clamamos: “Porque
o que faço não o aprovo, pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço
isso faço” (Rm 7:15). A chave para entender o sétimo capítulo de Romanos é
reconhecer que o Espírito Santo nunca é mencionado. Nem uma vez sequer!
Em nítido contraste, encontramos nada menos que 20 referências ao Espírito
Santo no oitavo capítulo, onde temos nossa bendita libertação dos ditames do
pecado por meio do poder do Espírito Santo. “A lei do espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado
e da morte” (Rm 8:2). O Espírito Santo nos dá poder para viver para a
glória de Cristo.
Finalmente, o
apóstolo João, em sua primeira epístola, diz: “E vós tendes a unção do
Santo, e sabeis tudo” (1 Jo 2:20). Isso não fala de conhecimento natural
como: saber os nomes de todos os reis e rainhas da Inglaterra, ou cálculos, ou
os segredos do DNA, e assim por diante – em vez disso, o Espírito Santo nos dá
a habilidade de discernir entre a verdade e o erro. “Quando vier aqu’Ele
Espírito de verdade, Ele vos guiará em toda a verdade” (Jo 16:13).
Muitas outras coisas poderiam
ser escritas sobre o Espírito Santo. É, no entanto, simplesmente meu desejo
sincero de que cada um de nós possa entender plenamente que o Espírito Santo de
Deus é real e habita dentro de cada verdadeiro crente. Este não é um objetivo
espiritual ou uma experiência passageira. Isto tendo sido dito, também
precisamos reconhecer que o grau em que sentimos o Espírito Santo agindo em
nossa vida depende muito de como vivemos. “Não entristeçais o Espírito Santo
de Deus” (Ef 4:30). “Enchei-vos do Espírito” (Ef 5:18). Uma garrafa
cheia de entulho não pode conter muita água – e quem beberia dela? Se vivermos
para nós mesmos, então o Espírito será excluído. Se, por outro lado, ao
Espírito Santo for dado o controle de nossa vida, e permitirmos que Ele seja a
fonte de todo pensamento e ação, então que diferença isso fará. Independentemente
da circunstância ou a corrupção da verdade na Cristandade, em princípio, não há
razão para que, como Cristãos, não sintamos o poder do Espírito Santo
diariamente.
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