terça-feira, 29 de setembro de 2020

O Espírito Santo

Nós não nos tornamos Cristãos seguindo certos ensinamentos ou recitando uma fórmula. Esses são os meios usuais pelos quais alguém se torna adepto de uma religião em particular. Como o Senhor disse a Nicodemos, tivemos de nascer de novo. Assim como não demos à luz a nós mesmos, também não produzimos um novo nascimento em nós mesmos. Isso foi a obra do Espírito de Deus por meio da Palavra de Deus (Jo 1:13, 3:5; 1 Pe 1:23; Tg 1:18). O Espírito Santo faz a Palavra de Deus boa para nós; Ele também nos leva ao fim de nós mesmos e a um lugar de arrependimento. O resultado é: “arrependimento para com Deus e fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (At 20:21 – JND).

O Espírito de Deus, no entanto, não é simplesmente o Agente do novo nascimento. Exclusivamente para o Cristianismo, também nos foi prometida a habitação do Espírito Santo em nós (Jo 14:16-17). Como Cristãos, precisamos reconhecer que o Espírito Santo de Deus estabeleceu residência em nosso corpo. “Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós...?” (1 Co 6:19 – ARF) Isto não ocorre por meio da intervenção de outra pessoa, ou por meio de qualquer outra tradição estabelecida pelo homem. Não, todo verdadeiro crente é habitado pelo Espírito de Deus. De fato, se alguém não tem o Espírito, então não pertence a Deus: “Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é d’Ele” (Rm 8:9).

A Escritura também diz que somos selados com o Espírito Santo (Ef 1:13). Pense num selo antigo colado em um documento importante do governo. O selo é usado para estabelecer a origem e autenticidade desses documentos. Da mesma forma, o Espírito Santo nos faz conhecer que pertencemos a Cristo e que somos verdadeiramente salvos: “O próprio Espírito dá testemunho com o nosso espírito, de que somos filhos de Deus” (Rm 8:16 – JND).

O Espírito é também “o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da Sua glória” (Ef 1:14). Assim como penhor em dinheiro é dado antes da compra de uma casa, Deus nos deu o penhor de Seu Espírito. Este Espírito Santo nos dá a garantia de nossa herança em Cristo – que Deus completará aquela grande transação que Ele começou. Consequentemente, o Espírito Santo também nos lembra de que nossa herança não é nem agora, nem está na Terra – está conectada a Cristo em glória. O Espírito nos permite experimentar como será o céu antes de estarmos lá.

Muitos Cristãos apenas associam o Espírito Santo com a demonstração exterior de dons de línguas, cura e assim por diante. Esta é uma visão distorcida dos dons. O Espírito Santo é o poder da nova vida no crente. A assembleia em Corinto estava muito ocupada com os dons do Espírito e em mostrá-los. Eles haviam esquecido a simples admoestação: “Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5:16); e que o fruto do Espírito é: “Caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl 5:22-23). As coisas das quais estivemos falando não são reservadas para um grupo espiritualmente superior de Cristãos, mas, ao contrário, se relacionam diretamente com a caminhada Cristã normal. Muito simples, não podemos andar como deveríamos a menos que o façamos no poder do Espírito de Deus.

A pessoa descrita no sétimo capítulo de Romanos ainda não conhece o poder que o Espírito Santo traz à sua vida. O capítulo certamente não descreve as lutas pessoais de Paulo, como muitos sugeriram; e nem tampouco, traz a luta diária de um crente. O capítulo descreve alguém que possui uma nova vida, mas que está tentando agradar a Deus com sua própria força – ou como a Escritura diz, na carne. A lei, embora santa, justa e boa (Rm 7:12), não pode nos controlar e, em desespero, clamamos: “Porque o que faço não o aprovo, pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço” (Rm 7:15). A chave para entender o sétimo capítulo de Romanos é reconhecer que o Espírito Santo nunca é mencionado. Nem uma vez sequer! Em nítido contraste, encontramos nada menos que 20 referências ao Espírito Santo no oitavo capítulo, onde temos nossa bendita libertação dos ditames do pecado por meio do poder do Espírito Santo. “A lei do espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8:2). O Espírito Santo nos dá poder para viver para a glória de Cristo.

Finalmente, o apóstolo João, em sua primeira epístola, diz: “E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo” (1 Jo 2:20). Isso não fala de conhecimento natural como: saber os nomes de todos os reis e rainhas da Inglaterra, ou cálculos, ou os segredos do DNA, e assim por diante – em vez disso, o Espírito Santo nos dá a habilidade de discernir entre a verdade e o erro. “Quando vier aqu’Ele Espírito de verdade, Ele vos guiará em toda a verdade” (Jo 16:13).

Muitas outras coisas poderiam ser escritas sobre o Espírito Santo. É, no entanto, simplesmente meu desejo sincero de que cada um de nós possa entender plenamente que o Espírito Santo de Deus é real e habita dentro de cada verdadeiro crente. Este não é um objetivo espiritual ou uma experiência passageira. Isto tendo sido dito, também precisamos reconhecer que o grau em que sentimos o Espírito Santo agindo em nossa vida depende muito de como vivemos. “Não entristeçais o Espírito Santo de Deus” (Ef 4:30). “Enchei-vos do Espírito” (Ef 5:18). Uma garrafa cheia de entulho não pode conter muita água – e quem beberia dela? Se vivermos para nós mesmos, então o Espírito será excluído. Se, por outro lado, ao Espírito Santo for dado o controle de nossa vida, e permitirmos que Ele seja a fonte de todo pensamento e ação, então que diferença isso fará. Independentemente da circunstância ou a corrupção da verdade na Cristandade, em princípio, não há razão para que, como Cristãos, não sintamos o poder do Espírito Santo diariamente.

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