É da natureza humana,
desejar uma lista do que fazer e do que não fazer. Tendo uma lista de coisas
que atendem à aprovação de Deus, o homem acredita que é capaz de cumpri-las – a
Lei provou o contrário. Por outro lado, a nova natureza não necessita dessa
lista – ela se deleita em fazer a vontade de Deus. Frequentemente, porém,
agimos na carne e devemos reconhecê-la e julgá-la de acordo com a luz da
Palavra.
Em Atos 15, lemos
como alguns insistiam em que os gentios fossem sujeitos à lei. Isso foi corretamente
rejeitado, mas a seguinte advertência foi dada: “Se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é
sufocado e do sangue” (At
15:20). Esta não era uma nova lei nem era toda a extensão da conduta Cristã.
Essas foram, no entanto, ordens necessárias para os gentios, entre os quais
essas coisas eram comuns. Simplesmente porque “todo mundo está fazendo isso”, não torna correto o que fazem,
mesmo quando é feito por outros Cristãos. Com demasiada frequência, o oposto é
verdadeiro: “Porque, o que entre os
homens é elevado, perante Deus é abominação” (Lc 16:15).
Um Cristão tem inteligência
espiritual. Não devemos ser como o cavalo ou a mula “Que não têm entendimento, os quais carecem de arreios, freios e
cabrestos, que os sujeitem; de outra forma não te obedecerão” (Sl 32:9 –
TB). Por esse motivo, não esperamos encontrar respostas bíblicas explícitas
para cada pergunta que possamos enfrentar. Se me deparo com o dilema: “Devo fazer isso e aquilo”, há uma
grande chance de eu não encontrar uma resposta direta na Palavra de Deus. No
entanto, encontrarei princípios para
me guiar – se estiver preparado para me submeter a eles. Nunca encontraremos
que falta Escritura a esse respeito. O Velho Testamento é uma fonte rica de
tais princípios. Um israelita não deveria usar roupas de materiais mistos: “Não te vestirás de diversos estofos de lã
e linho juntamente” (Dt 22:11). Hoje em dia, muito do que vestimos é de
fios mistos, então o que entendemos desse versículo? Que somos pecadores por
usar poliéster e algodão? Não, de jeito nenhum! Podemos dizer, no entanto, que
uma vida de princípios mistos não vai
agradar a Deus. Não se trata de espiritualizar a lei, mas de entender os
princípios nela contidos. Tenha em mente que a lei foi dada a Israel: um povo fisicamente separado das nações e que
era uma família em função de seu do nascimento natural. Eles eram uma congregação mista de fidelidade e
infidelidade.
Mesmo assim, Deus
apresentou-lhes Sua lei de tal maneira, para que todos então pudessem entender
sem desculpa. Como Cristãos, por outro lado, somos santificados pelo Espírito e fomos trazidos para a família de
Deus por Sua vontade (1 Pe 1:2; Jo
1:13).
Nos capítulos 18 e 19
de Levítico, encontramos uma lista de estatutos dados aos filhos de Israel. Com
muitos deles, não há dúvida sobre os princípios morais envolvidos. Contudo, nessa
ocasião, Deus apresenta toda a porção com um princípio abrangente: “Não fareis segundo as obras da terra do
Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã,
para a qual Eu vos levo, nem andareis nos seus estatutos” (Lv 18:3). Da
mesma forma, nós, como Cristãos, somos chamados a andar em separação deste
mundo. Não devemos nos comportar como o mundo se comporta nem em nossas
atitudes nem nas coisas que permitimos: “Como
filhos obedientes, não vos conformando
com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; Mas, como é
santo aqu’Ele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; Porquanto
escrito está: Sede santos, porque Eu sou santo” (1 Pe 1:14-16). Neste
versículo, Pedro cita Levítico 19:2. E por que devemos ser santos – isto é, um
povo separado na prática para Deus? Porque fomos “resgatados... com o
precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado”
(1 Pe 1:18-19).
Nem tudo o que
encontramos neste mundo é ruim em si mesmo. Devemos fazer uso do sistema do
mundo; caso contrário, teríamos de viver como eremitas – e Deus não nos pediu
para fazermos isso. Dinheiro, por exemplo, é algo que todos usamos. Dinheiro
por si só não é mau. Mesmo assim, “o
amor do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se
desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Tm
6:10). Cite um homicídio, um adultério, um roubo – e podemos encontrar um
exemplo de como o amor ao dinheiro levou o agressor a cometer o crime. Se
tivermos em mente que somos peregrinos e que tudo o que usamos é temporário e
não nosso, obteremos uma perspectiva melhor sobre as coisas deste mundo: “E os que usam do mundo, como não se
dispondo dele como seu, porque a aparência deste mundo passa” (1 Co 7:31 – JND).
Somos espírito, alma
e corpo (1 Ts 5:23). O corpo e a alma têm necessidades, assim como o espírito –
mas observe a ordem, o espírito vem primeiro. Paulo lembra a Timóteo de que o “exercício corporal é proveitoso para
pouco, mas a piedade é proveitosa para todas as coisas” (1 Tm 4:8 – JND). “Pouco”, neste versículo, não significa
“por um tempo”, mas sim, fala de “poucas coisas” em contraste com “todas
as coisas”. Não há dúvida de que o exercício é necessário para um corpo
saudável, mas pode se tornar um objetivo ao invés de um meio. Não queremos ser
colocados sob o poder de nada: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem
todas as coisas convêm: todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1
Co 6:12). Quando escolhemos atividades, devemos considerar sua fonte, caráter,
associações e, o mais importante, se estão honrando ou não o Senhor Jesus. É
algo que teríamos vergonha de o Senhor nos encontrar fazendo? “Bem-aventurado aquele servo que o Senhor,
quando vier, achar servindo assim” (Mt 24:46).
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