A história de nossa
conversão é frequentemente chamada de nosso
testemunho. Contudo, limitar nosso testemunho a isso é uma visão estreita
do que Deus tem em mente para o crente. Como Cristãos, somos chamados a manifestar
Cristo a este mundo ao longo de nossa vida – este é o nosso verdadeiro
testemunho. “Assim como Tu Me enviaste
ao mundo, também Eu os enviei ao mundo” (Jo 17:18). Isso não significa
dizer que o que Deus realizou em nossa vida não seja único ou valioso, nem que
seja errado compartilhá-lo. O apóstolo Paulo narrou a história de sua conversão
três vezes. Ler as biografias de servos fiéis a Deus pode ser uma verdadeira
fonte de encorajamento. No entanto, nosso foco deve sempre estar no Senhor Jesus
Cristo e não em nós. O apóstolo Paulo disse aos filipenses que eles deveriam ser
luzes em um mundo sombrio: “Para que
sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma
geração corrompida e perversa, entre a
qual resplandeceis como astros no mundo” (Fp 2:15). Uma luz em si mesma
não muda o que está à sua volta, mas dissipa as trevas e mostra o mundo como
ele é. Isso não supõe que nos envolvemos no sistema do mundo. De fato, embora
estejamos no mundo, certamente não fazemos mais parte dele. “Dei-lhes a Tua palavra, e o mundo os
aborreceu, porque não são do mundo, assim
como Eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres
do mal. Não são do mundo, como Eu do mundo não sou. Santifica-os na verdade: a
Tua palavra é a verdade” (Jo 17:14-17). A Palavra de Deus, ao revelar a
verdade, expõe o mundo como ele é. Também nos mostra nosso lugar como filhos de
Deus separados deste mundo e de suas contaminações.
Anteriormente,
falamos um pouco sobre a grande missão. Quer gostemos ou não, isso requer
conversar com outras pessoas: “De sorte
que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus” (Rm 10:17).
No entanto, se nosso caminhar apresenta um testemunho tão pobre a este mundo,
quem ouvirá o que temos a dizer? No livro de Romanos, Paulo escreveu isso a
respeito do testemunho dos judeus: “O
nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós” (Rm 2:24). O
apóstolo lembrou aos coríntios: “Somos
embaixadores da parte de Cristo” (2 Co 5:20). Nosso caminhar e nosso falar
andam de mãos dadas. Deveríamos ser representantes fiéis de nosso Senhor: “Antes santificai a Cristo, como Senhor, em
vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor
a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3:15).
Não estaremos prontos para dar uma resposta se nosso coração estiver cheio
deste mundo. Antes, nossa conduta diante do mundo deve ser tal que outros nos
perguntem por que somos diferentes.
Não é simplesmente que devemos
evitar as coisas que desonram a Deus, mas nossa própria conduta deve ser um
reflexo de Cristo. Podemos ser Cristãos bem legalistas – preferindo certo
estilo de vestir, desprezando certas atividades etc. –, mas somos honestos?
Nosso discurso é saudável? Podemos conter nosso temperamento? Leviandade ou
seriedade caracterizam nossa vida? Somos gentis e compassivos? (Ef 4:25-32; Tt
2:11-12). “Amados, peço-vos, como a
peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais que
combatem contra a alma; Tendo o vosso
viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós,
como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação”
(1 Pe
2:11-12). Não estou sugerindo que não devemos ter cuidado com roupas e
atividades, mas é mais fácil vestir-se como um Cristão do que comportar-se como
um Cristão. Frequentemente aqueles que lutam com o comportamento, são
defensores com relação ao vestuário e atividades.
“A religião pura e imaculada para
com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e
guardar-se da corrupção do mundo” (Tg
1:27). A prática exterior de nossa fé (o que é chamada de religião neste versículo) não são vestes, cerimônias ou dias
santos. É uma vida que procede em compaixão pelo sofrimento e pelos aflitos, e
é uma vida que é vivida em separação deste mundo. John Bellett escreveu sobre o
Senhor Jesus: “Sua santidade O tornou um
completo estranho em um mundo tão poluído; Sua graça O manteve sempre ativo em
um mundo tão carente e aflito[1].
Embora sendo o Solitário, Ele sempre foi o Ativo.
[1] N. do A.: “The Moral Glory of the
Lord Jesus Christ” por J. G. Bellet
Nenhum comentário:
Postar um comentário