terça-feira, 29 de setembro de 2020

Um Testemunho de Cristo no Mundo

A história de nossa conversão é frequentemente chamada de nosso testemunho. Contudo, limitar nosso testemunho a isso é uma visão estreita do que Deus tem em mente para o crente. Como Cristãos, somos chamados a manifestar Cristo a este mundo ao longo de nossa vida – este é o nosso verdadeiro testemunho. “Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo” (Jo 17:18). Isso não significa dizer que o que Deus realizou em nossa vida não seja único ou valioso, nem que seja errado compartilhá-lo. O apóstolo Paulo narrou a história de sua conversão três vezes. Ler as biografias de servos fiéis a Deus pode ser uma verdadeira fonte de encorajamento. No entanto, nosso foco deve sempre estar no Senhor Jesus Cristo e não em nós. O apóstolo Paulo disse aos filipenses que eles deveriam ser luzes em um mundo sombrio: “Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo (Fp 2:15). Uma luz em si mesma não muda o que está à sua volta, mas dissipa as trevas e mostra o mundo como ele é. Isso não supõe que nos envolvemos no sistema do mundo. De fato, embora estejamos no mundo, certamente não fazemos mais parte dele. “Dei-lhes a Tua palavra, e o mundo os aborreceu, porque não são do mundo, assim como Eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como Eu do mundo não sou. Santifica-os na verdade: a Tua palavra é a verdade” (Jo 17:14-17). A Palavra de Deus, ao revelar a verdade, expõe o mundo como ele é. Também nos mostra nosso lugar como filhos de Deus separados deste mundo e de suas contaminações.

Anteriormente, falamos um pouco sobre a grande missão. Quer gostemos ou não, isso requer conversar com outras pessoas: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus” (Rm 10:17). No entanto, se nosso caminhar apresenta um testemunho tão pobre a este mundo, quem ouvirá o que temos a dizer? No livro de Romanos, Paulo escreveu isso a respeito do testemunho dos judeus: “O nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós” (Rm 2:24). O apóstolo lembrou aos coríntios: “Somos embaixadores da parte de Cristo” (2 Co 5:20). Nosso caminhar e nosso falar andam de mãos dadas. Deveríamos ser representantes fiéis de nosso Senhor: “Antes santificai a Cristo, como Senhor, em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3:15). Não estaremos prontos para dar uma resposta se nosso coração estiver cheio deste mundo. Antes, nossa conduta diante do mundo deve ser tal que outros nos perguntem por que somos diferentes.

Não é simplesmente que devemos evitar as coisas que desonram a Deus, mas nossa própria conduta deve ser um reflexo de Cristo. Podemos ser Cristãos bem legalistas – preferindo certo estilo de vestir, desprezando certas atividades etc. –, mas somos honestos? Nosso discurso é saudável? Podemos conter nosso temperamento? Leviandade ou seriedade caracterizam nossa vida? Somos gentis e compassivos? (Ef 4:25-32; Tt 2:11-12). Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma; Tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação” (1 Pe 2:11-12). Não estou sugerindo que não devemos ter cuidado com roupas e atividades, mas é mais fácil vestir-se como um Cristão do que comportar-se como um Cristão. Frequentemente aqueles que lutam com o comportamento, são defensores com relação ao vestuário e atividades.

A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo(Tg 1:27). A prática exterior de nossa fé (o que é chamada de religião neste versículo) não são vestes, cerimônias ou dias santos. É uma vida que procede em compaixão pelo sofrimento e pelos aflitos, e é uma vida que é vivida em separação deste mundo. John Bellett escreveu sobre o Senhor Jesus: “Sua santidade O tornou um completo estranho em um mundo tão poluído; Sua graça O manteve sempre ativo em um mundo tão carente e aflito[1]. Embora sendo o Solitário, Ele sempre foi o Ativo.



[1] N. do A.: “The Moral Glory of the Lord Jesus Christ” por J. G. Bellet

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