O maior obstáculo ao serviço é o
ego. Nosso primeiro erro é supor que podemos servir na nossa própria força.
Podemos avançar quando não deveríamos ou podemos esperar. De fato, como já
observamos, Deus procura pessoas fracas por meio das quais Ele possa mostrar
Seu poder: “Está aqui um rapaz que tem cinco
pães de cevada e dois peixinhos: mas que é isto para tantos?” (Jo 6:9) Se Ele me usa, é uma grande honra; Se Ele
deixa de me usar porque o ego estava exaltado, é uma grande misericórdia.
Ele está como que dizendo: “Esteja
satisfeito Comigo, esteja contente ao saber que Eu te amo”. Você está
contente com o amor d’Ele? O segredo de todo serviço é a apreciação devida da
graça do Mestre[1].
Serviço não é servir a si
próprio. Não servimos para ser apreciados ou admirados. O serviço não espera
nada em troca. Não manipulamos pessoas por meio do serviço; devemos servir com
a atitude de que aqueles a quem servimos não nos devem nada. O serviço não é
para promover nossos objetivos. Nesse
mundo, o serviço é frequentemente visto como uma situação de ganha-ganha. Temos
até um ditado popular para isso! Se você
coçar minhas costas, eu coço as suas. Este não é um serviço Cristão.
O espírito de competição não tem lugar no serviço: “Mas estes que se medem a si mesmos,
e se comparam consigo mesmos, estão sem entendimento” (2 Co 10:12). Se quisermos competir em qualquer
coisa, que seja em mostrar honra um ao outro:
“quanto à honra, cada um assumindo a
liderança em prestá-la ao outro” (Rm 12:10 – JND). “Nada
façais por contenda ou por
vanglória, mas por humildade; cada um
considere os outros superiores a si mesmo” (Fp 2:3).
Essa expressão, “humildade”, ocorre cinco vezes na
Escritura (At 20:19; Ef 4:2; Fp 2:3; Cl 3:12; 1 Pe 5:5). Mas quando ela se
torna ocupação própria, assume o caráter falso de ascetismo religioso, abordado
no segundo capítulo de Colossenses (Cl 2:23). Este comportamento pode
satisfazer a carne e parecer de valor diante do homem, mas não agrada a Deus.
Humildade não é ter uma opinião inferiorizada de si mesmo, mas é perder todos
os direitos e posições. Não nos ensinamos humildade ou modéstia. A verdadeira
humildade só pode ser encontrada na presença de Deus. “Humilhai-vos perante o Senhor, e Ele vos exaltará” (Tg 4:10). Se
quisermos ser como Cristo, devemos
primeiro aprender o que somos em
Cristo. “Tomai sobre vós o Meu jugo, e
aprendei de Mim, que Sou manso e humilde
de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mt 11:29).
Não podemos servir
além da medida de fé que nos é dada: “Porque
pela graça, que me é dada, digo a cada um dentre vós que não saiba mais do que
convém saber, mas que saiba com temperança, conforme a medida da fé que Deus
repartiu a cada um” (Rm 12:3). Não podemos usar este versículo como uma
desculpa para evitar o serviço; antes, ele fala de alguém que ultrapassa seu
serviço, indo além do que Deus lhe deu. “Se
é profecia, seja ela segundo a medida da fé; Se é ministério, seja em ministrar
[serviço, ocupemo-nos no serviço
– JND]; se é ensinar haja dedicação ao ensino; Ou o que exorta,
use esse dom em exortar; o que
reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita
misericórdia, com alegria” (Rm 12:6-8). O profeta não deseja ser um mestre,
nem o mestre pode substituir um que exorta. Tudo é necessário; cada um tem um
lugar único. Não pode haver espaço para inveja ou ciúme. Onde encontrarmos
inveja, descobriremos a veracidade do versículo: “Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa” (Tg 3:16). Prestar
serviço por honra e preeminência é fazê-lo para satisfação própria.
O serviço não deve
assumir a forma de condescendência ou paternalismo. “Tende o mesmo respeito uns para com os outros; não se ocupeis em
coisas altivas, mas segue os humildes. Não sejais sábios aos vossos
olhos” (Rm 12:16 – JND). Saber andar com os humildes e passar despercebido
é um dom verdadeiramente notável. O papa pode lavar os pés dos outros; no
entanto, todo o mundo fica sabendo, e ele recebe louvores por isso. “Antes o maior entre vós seja como o
menor; e quem governa como quem serve” (Lc 22:26). O amor não egoísta tem
um escoadouro – serviço! Além disso, será um serviço que não deseja ser notado.
Antes de deixarmos
esse assunto, devemos tocar no desânimo.
Goste ou não, o desânimo é apenas outra forma do ego se intrometer no caminho.
Quando não vemos os resultados que procuramos, desanimamos. O desânimo afastou
ou afetou adversamente muitos verdadeiros servos de Deus. Elias vem à mente;
Timóteo é outro. Por outro lado, como imaginamos que Noé se sentiu? Ele pregou
todos aqueles anos enquanto trabalhava para construir a arca e, no final,
apenas oito almas foram salvas. E, no entanto, se ele tivesse desanimado e
desistido, ninguém teria sido salvo!
[1] N. do A.: “Notes on the Gospel of
Luke” por J. N.
Darby.
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