terça-feira, 29 de setembro de 2020

Obstáculos ao Serviço

O maior obstáculo ao serviço é o ego. Nosso primeiro erro é supor que podemos servir na nossa própria força. Podemos avançar quando não deveríamos ou podemos esperar. De fato, como já observamos, Deus procura pessoas fracas por meio das quais Ele possa mostrar Seu poder: Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos: mas que é isto para tantos?(Jo 6:9) Se Ele me usa, é uma grande honra; Se Ele deixa de me usar porque o ego estava exaltado, é uma grande misericórdia. Ele está como que dizendo: “Esteja satisfeito Comigo, esteja contente ao saber que Eu te amo”. Você está contente com o amor d’Ele? O segredo de todo serviço é a apreciação devida da graça do Mestre[1].

Serviço não é servir a si próprio. Não servimos para ser apreciados ou admirados. O serviço não espera nada em troca. Não manipulamos pessoas por meio do serviço; devemos servir com a atitude de que aqueles a quem servimos não nos devem nada. O serviço não é para promover nossos objetivos. Nesse mundo, o serviço é frequentemente visto como uma situação de ganha-ganha. Temos até um ditado popular para isso! Se você coçar minhas costas, eu coço as suas. Este não é um serviço Cristão.

O espírito de competição não tem lugar no serviço: “Mas estes que se medem a si mesmos, e se comparam consigo mesmos, estão sem entendimento” (2 Co 10:12). Se quisermos competir em qualquer coisa, que seja em mostrar honra um ao outro: “quanto à honra, cada um assumindo a liderança em prestá-la ao outro (Rm 12:10 – JND). “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo (Fp 2:3).

Essa expressão, “humildade”, ocorre cinco vezes na Escritura (At 20:19; Ef 4:2; Fp 2:3; Cl 3:12; 1 Pe 5:5). Mas quando ela se torna ocupação própria, assume o caráter falso de ascetismo religioso, abordado no segundo capítulo de Colossenses (Cl 2:23). Este comportamento pode satisfazer a carne e parecer de valor diante do homem, mas não agrada a Deus. Humildade não é ter uma opinião inferiorizada de si mesmo, mas é perder todos os direitos e posições. Não nos ensinamos humildade ou modéstia. A verdadeira humildade só pode ser encontrada na presença de Deus. “Humilhai-vos perante o Senhor, e Ele vos exaltará” (Tg 4:10). Se quisermos ser como Cristo, devemos primeiro aprender o que somos em Cristo. “Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mt 11:29).

Não podemos servir além da medida de fé que nos é dada: “Porque pela graça, que me é dada, digo a cada um dentre vós que não saiba mais do que convém saber, mas que saiba com temperança, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um” (Rm 12:3). Não podemos usar este versículo como uma desculpa para evitar o serviço; antes, ele fala de alguém que ultrapassa seu serviço, indo além do que Deus lhe deu. “Se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; Se é ministério, seja em ministrar [serviço, ocupemo-nos no serviço – JND]; se é ensinar haja dedicação ao ensino; Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria” (Rm 12:6-8). O profeta não deseja ser um mestre, nem o mestre pode substituir um que exorta. Tudo é necessário; cada um tem um lugar único. Não pode haver espaço para inveja ou ciúme. Onde encontrarmos inveja, descobriremos a veracidade do versículo: “Porque onde há inveja e espírito faccioso aí perturbação e toda a obra perversa” (Tg 3:16). Prestar serviço por honra e preeminência é fazê-lo para satisfação própria.

O serviço não deve assumir a forma de condescendência ou paternalismo. “Tende o mesmo respeito uns para com os outros; não se ocupeis em coisas altivas, mas segue os humildes. Não sejais sábios aos vossos olhos” (Rm 12:16 – JND). Saber andar com os humildes e passar despercebido é um dom verdadeiramente notável. O papa pode lavar os pés dos outros; no entanto, todo o mundo fica sabendo, e ele recebe louvores por isso. “Antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve” (Lc 22:26). O amor não egoísta tem um escoadouro – serviço! Além disso, será um serviço que não deseja ser notado.

Antes de deixarmos esse assunto, devemos tocar no desânimo. Goste ou não, o desânimo é apenas outra forma do ego se intrometer no caminho. Quando não vemos os resultados que procuramos, desanimamos. O desânimo afastou ou afetou adversamente muitos verdadeiros servos de Deus. Elias vem à mente; Timóteo é outro. Por outro lado, como imaginamos que Noé se sentiu? Ele pregou todos aqueles anos enquanto trabalhava para construir a arca e, no final, apenas oito almas foram salvas. E, no entanto, se ele tivesse desanimado e desistido, ninguém teria sido salvo!



[1] N. do A.: “Notes on the Gospel of Luke” por J. N. Darby.

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